Na sessão desta quarta-feira (10), a vereadora Raphaela Moraes (Rede), em sua fala na tribuna da Câmara da Serra, realizou ato solidário a Camila Valadão (PSOL), vereadora censurada na sessão da última segunda-feira (8), justamente no Dia Internacional da Mulher, na Câmara de Vitória.
Raphaela participou pela primeira vez, de uma sessão sem blazer, vestimenta feminina, costumeiramente utilizada por ela na Casa de Leis da Serra. Durante sua fala, a parlamentar explicou o motivo de não ter vestido: “Feliz hoje, porque é a primeira vez, a primeira sessão que eu venho sem blazer e agradecer aos vereadores nobres colegas que diferente da Câmara de Vitória, não fizeram menção a isso e repudiar o ato que foi feito na última sessão de segunda-feira com a vereadora Camila Valadão”, disse apontando para a sua blusa que continha fendas, justamente na parte em cobre os ombros.
Em sua fala, a vereadora mencionou frase que corresponde a sororidade, comum a mulheres que se solidarizam por outra mulher que sofre preconceito, censura ou quaisquer ação pejorativa, pelo simples fato de ser do gênero feminino. “Estamos juntas”, finalizou Raphaela.
Entenda o caso
Na última segunda-feira (8), a vereadora Camila Valadão, durante sessão na Casa de Leis da capital do Espírito Santo, foi alvo de comentário inconveniente e de tom de censura do colega Gilvan da Federal (Patriota).“Creio que os vereadores aqui tem que estar com o traje formal, e a vereadora não está com traje formal para a sessão”, disse o vereador.
Camila estava vestida com uma blusa que mostrava um de seus ombros.
Na sequência, o Patriota ainda questionou o fato de Valadão estar usando um adesivo que dizia “Fora Bolsonaro” e finalizou a sua fala com a frase: “... quem quer respeito, se dá ao respeito”, concluiu.
Em resposta ao colega, Camila Valadão disse que a blusa utilizada naquela sessão já havia sido usada em outras e questionou: “Sobre minha roupa não vejo nenhum motivo para que eu não possa usar. Só porque eu estou com o braço de fora? Curioso que isso aconteça no Dia Internacional da Mulher”, refletiu.
Sobre o adesivo, Camila respondeu ao colega que, de acordo com a Casa de Leis, é livre a expressão e pontuou a veracidade da permissividade apontando a máscara que o próprio Gilvan utilizava no dia e que fazia homenagem ao presidente Bolsonaro. No item de proteção do vereador havia uma foto do presidente.
Além das críticas pela roupa e pelo adesivo, Camila foi alvo ainda de manifestação sobre o termo “todes” utilizado pela vereadora. Tanto Gilvan, como também Armandinho Fontoura (Podemos) fizeram menção ao termo como inapropriado, utilizando como parâmetro a língua portuguesa e afirmando que todes não está no dicionário.
“Na minha fala estou percebendo uma censura, eu posso utilizar não só a língua formal como toda a pluralidade da língua. Posso usar todas, todos e todes. Utilizo o todes porque considero plural”, respondeu.
Sororidade
A palvra, na sua raiz, significa irmã. Ou seja, sororidade é irmandade e quando aplicado numa frase torna-se ainda mais significativo que a sua própria tradução, estimulando o apoio entre mulheres.
Créditos (Imagem de capa): Reprodução
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