A cidade da Serra, na Grande Vitória, tem uma oportunidade única de se destacar no cenário nacional da educação. Selecionada como um dos cinco municípios prioritários do Brasil no chamamento público da Caixa Econômica Federal para estruturação de Parcerias Público-Privadas (PPPs) voltadas à Educação Infantil, a maior cidade em população do Espírito Santo pode ir além das diretrizes propostas e se tornar referência nacional ao incorporar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos projetos educacionais previstos.
A iniciativa contempla e técnico e financeiro para modernizar a infraestrutura da rede de ensino, com investimentos em construção, manutenção, segurança, lavanderia e outros serviços de apoio às escolas. A medida é vista como um alívio para as finanças públicas e um avanço necessário para garantir ambientes escolares mais adequados e seguros. No entanto, é preciso ampliar a visão e incluir elementos essenciais para o pleno desenvolvimento dos alunos.
É nesse ponto que as habilidades socioemocionais entram em cena. Essas competências, como o autoconhecimento, empatia, controle emocional e resiliência, são decisivas para o bom desempenho acadêmico, a convivência social e a formação de cidadãos preparados para os desafios da vida. E mais: fortalecem a atuação dos professores, oferecendo e pedagógico alinhado às demandas do século XXI.
Estudos e pesquisas reforçam essa necessidade. Um trabalho da pedagoga Daniela Soares Menezes (UFPE/UFAL) destaca que a formação continuada de professores para o uso de metodologias que desenvolvam o socioemocional é crucial para transformar a prática em sala. Na mesma linha, especialistas da UFBA, como Sônia Gondim, apontam que o domínio de aspectos afetivos e motivacionais potencializa a aprendizagem e permite aplicar o conhecimento em contextos diversos.
Diante do impacto da pandemia de COVID-19, que estagnou a educação básica brasileira e aumentou os desafios de aprendizagem, essa discussão ganha ainda mais força. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já reconhece o desenvolvimento socioemocional como um dos pilares da formação integral do aluno. Resta, agora, avançar com políticas públicas que tragam essa diretriz para a realidade da sala de aula.
A Serra tem, portanto, a chance de ser mais do que um modelo de gestão eficiente em infraestrutura. Pode ser vanguarda em um modelo educacional que combina qualidade estrutural com inovação pedagógica, tornando-se um espelho para todo o país. Cabe ao poder público, gestores e educadores abraçarem essa visão e garantirem que a educação municipal avance não só em obras, mas também em valores, cidadania e desenvolvimento humano.
Fonte/Créditos: Suely Menezes
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