Você sabia que na Serra houve luta por liberdade, dignidade e igualdade de direitos pela população escravizada? Hoje, o Descobrindo a Serra, por meio do professor Amarildo Mendes, lembrará desse momento tão importante para o município, para o povo serrano e para o Espírito Santo.
Há 173 anos eclodia a maior revolta escravocrata da história do nosso estado: a Insurreição do Queimado.
São José do Queimado (atual distrito do município da Serra) foi um importante entreposto comercial e portuário que servia a navegação fluvial pelo Rio Santa Maria da Vitória do interior para o porto de Vitória, em meados do século XIX, para o transporte de café, açúcar e outros produtos.
A Igreja de São José do Queimado teve sua pedra fundamental lançada no dia 15 de agosto de 1845 pelo frei capuchinho italiano Gregorio Maria de Bene, que contou com ajuda de trabalhadores livres e escravizados, além de doações de materiais pelos fiéis para sua construção. Queimado era termo da capital e a construção da igreja se devia ao fato de ter se transformado em freguesia em 1846. Somente em 1943 os distritos de Carapina e de Queimado foram anexados ao município de Serra.
No dia de sua inauguração, em 19 de março de 1849, eclodiu no interior da igreja a revolta que teve Chico Prego, Elisiário, Carlos, João da Viúva atores centrais. Armados, eles pressionaram os senhores pela alforria percorrendo várias fazendas para alcançar a liberdade.
Documentos da época dão conta que os revoltosos chegaram ao número de 300, os quais foram duramente reprimidos pelo chefe de polícia e sua tropa, os quais contaram também com ajuda de moradores de Queimado, de Cariacica e de Serra
Depois do julgamento, muitos foram açoitados no pelourinho da capital, onde hoje se encontra a Praça 8 no centro de Vitória. Chico Prego foi enforcado na Serra e, como ainda agonizava, teve seu crânio, braços e pernas esmagados com madeiro utilizado pelo carrasco. Elisiário, Carlos e João fugiram da prisão. Quem sabe não tenham ido para algum dos muitos quilombos que existiam na época. Depois da revolta, foram formadas guerrilhas pelo presidente da província para reprimir os quilombos da região.
Hoje, no Sítio Histórico e Arqueológico de São José do Queimado temos as ruínas da Igreja que foi palco da maior revolta ocorrida no estado contra a escravidão. Essas ruínas, bem como suas referências culturais, constituem-se em patrimônio cultural do povo serrano, capixaba e brasileiro.
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*Este texto contou com a colaboração de Amarildo Mendes Lemos, professor de História do IFES Campus Serra (@amarildo421).
Fonte/Créditos: Ítalo Severo, Joyce Rigo, Wagner Scopel | @descobrindoaserra
Créditos (Imagem de capa): Divulgação | Descobrindo a Serra
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